Projeto resgata memória audiovisual de PE

Capa do box

Capa do box

Mais de 200 filmes pernambucanos de várias épocas, gêneros e temáticas, alguns, inclusive, esquecidos com o passar dos anos, agora podem ser assistidos facilmente pelos amantes da sétima arte graças ao projeto Antologia do Cinema Pernambucano, idealizado e coordenado por Germana Pereira (Tangram Cultural) e Isabela Cribari (Set Produções Audiovisuais). O acervo inédito, que está sendo disponibilizado às escolas, universidades e instituições ligadas ao cinema, reúne obras produzidas em Pernambuco desde a década de 20 até os dias de hoje. De acordo com as produtoras, vai haver um lançamento oficial em fevereiro com a presença de diretores, produtores, atores e demais profissionais ligados ao cinema.

Segundo Isabela e Germana, a ideia do acervo surgiu logo após a criação do site Cinema Pernambucano, desenvolvido por elas com a intenção de prestar serviços e incentivar a produção de obras audiovisuais em Pernambuco. “Durante a concepção do site, notamos que não existia nada do cinema local catalogado, daí pensamos em disponibilizar a reunião dessas obras”, explica Isabela. Em sua maioria, o projeto reúne curtas e médias-metragens.

Rodrigo Almeida assina a curadoria do projeto. De acordo com ele, os filmes foram separados por eixos. “O cinema pernambucano é muito diversificado, muito plural, não possui um gênero específico. Então, optamos por separá-los por época, gênero e temática”, explica. Ao todo, são três eixos dominantes. O primeiro, intitulado Cinema/Transcinema, traz filmes com temáticas ligadas ao cinema, história, salas de exibição, experimental, videoarte e outras linguagens; o segundo eixo, Câmera/Cidade, reúne filmes sobre o Recife, urbanismo, periferia, marginalidade, violência e terror. Já o terceiro e último, Áridos Movies, fala sobre o Sertão, cultura popular, Zona da Mata, regionalismo, etnografia e artistas pernambucanos.

Apesar dos eixos, Germana destaca que o projeto é mais amplo. “O Antologia está longe de ser uma simples classificação. É mais um olhar maduro sobre o tanto que se fez e se faz de cinema em Pernambuco. É uma forma de mostrar respeito a tantos realizadores, de todos os tempos”, define.

O principal desafio para a produção do Antologia, segundo Germana Pereira, foi reunir e localizar todas as obras, já que muitas estavam perdidas, como alguns filmes do cineasta e roteirista nordestino Paulo Caldas, que assina o premiado longa “Baile Perfumado”. “Fizemos um grande esforço na pesquisa e localização dos filmes. Também negociamos com cada um dos realizadores das obras reunidas”, explica. Com a iniciativa, alguns diretores, inclusive, conseguiram recuperar seus filmes em super-8 para disponibilizá-los no projeto, como é o caso do recifense Paulo Bruscky.

O projeto, coproduzido pela produtora Ateliê e patrocinado pelo Governo do Estado de Pernambuco através do Funcultura, será distribuído gratuitamente em kits contendo 20 DVDs cada um. “Queremos estar presente em todas as escolas de formação em cinema, nas bibliotecas, nos videoclubes… Pernambuco hoje possui mais de 150 cineclubes e todos vão ter esse kit. A ideia é oferecer um material que possa revelar para as pessoas toda a riqueza do cinema pernambucano”, completa Isabela. Instituições brasileiras importantes para o cinema, como Ministério da Cultura, Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual e Cinemateca Brasileira também receberão o material.

 

Conheça alguns dos filmes: