Gravatá Jazz começa em grande estilo

Fantasiado de opção off-Carnaval, o Gravatá Jazz Festival estreou este Sábado de Zé Pereira (6/2) ao estilo dos melhores eventos do gênero: com muita música de excelente qualidade e interação constante entre os músicos de todas as atrações e entre os músicos e o público que lotou o Pátio de Eventos da cidade de Gravatá, localizada a 84 km do Recife. Passaram pelo palco principal o power trio comandado pelo baixista e cantor Rodrigo Santos (com Guto Goffi e Fernando Magalhães, seus companheiros do Barão Vermelho), a diva da bossa nova Wanda Sá e os duos formados pelo guitarrista Wallace Seixas com o trompetista Buiu e pelo também guitarrista Victor Biglione com o multiartista revolucionário Jards Macalé.

A primeira noite do Gravatá Jazz Festival começou de forma incendiária, com Rodrigo Santos interpretando um repertório que tinha como base os blues de Cazuza e do Barão Vermelho. O baixista abriu com Não Amo Ninguém, um blues do inicio dos anos 1980, e, com uma pegada de blues-rock, destilou sucessos como Maior Abandonado, Por Você, Down em Mim, Ponto Fraco, Por que a Gente É Assim?, Codinome Beija-Flor, Bete Balanço, O Tempo Não Para, Exagerado e Pro Dia Nascer Feliz, além de homenagens a Renato Russo e Legião Urbana (Tempo Perdido) e Raul Seixas (Metamorfose Ambulante). A noite, que já estava quente fora da área coberta, pegou fogo antes da metade da apresentação, com a plateia, que estava sentada, curtido de pé.

“Foi a responsabilidade de ser o primeiro dois primeiros”, disse Rodrigo Santos, após descer do palco bastante entusiasmado. “É legal dar uma pancada.” O guitarrista Fernando Magalhães e o baterista Guto Goffi também curtiram muito o show. O publico ainda veria Goffi participar de diversas outras atrações na mesma noite.

A partir desse momento, o Gravatá Jazz Festival pareceu ser tornar uma grande gig, que é como os músicos chamam uma reunião entre eles em que vão tocando e se revezando. Primeiro, subiram ao palco Wallace Seixas e Buiu. Acompanhados dos não menos virtuosos Jean Elton (baixo), Ed Staudinger (teclado) e Sérgio Soares (bateria), deram um clima de jazz mais clássico ao GJF, com muito groove e suingue.

O quinteto tocou temas como Impressions (John Coltrane), So What (Miles Davis), Blue Monk (Thelonious Monk) e o tradicional When the Saints Go Marching in, que contou com a participação de Guto Goffi dobrando a bateria com Sérgio Soares. Atendendo ao pedido de um fã, Buiu puxou Cantaloupe Island (Herbie Hancock), que contou com a participação do também trompetista Mark Rapp, uma das atrações da próxima terça-feira. E em um momento emocionante, Buiu lembrou o veterano baterista Mauricio Chiappetta, que faria uma participação no show da Contrabanda, na segunda-feira, mas morreu esta semana vítima de um infarto.

Logo em seguida, Wallace, Jean e Sérgio continuaram no palco para acompanhar Wanda Sá, a principal voz feminina da bossa nova em atividade no mundo. Cantando e tocando violão, Wanda interpretou temas clássicos do gênero, como Água de Beber, Saudade Fez um Samba, Vagamente, Samba de uma Nota Só e Chega de Saudade, também com participações de Mark Rapp e Buiu. Um espetáculo conciso, objetivo, virtuoso e exuberante digno de uma diva internacional.

Para encerrar essa grande noite, já entrando pela madrugada, subiram ao palco dois artistas que transcendem qualquer rótulo ou classificação de gênero, estilo e qualidade: Victor Biglione e Jards Macalé. Em um show eletroacústico, a dupla mostrou temas instrumentais em dueto, como Só Danço Samba; temas solo de Jards ao violão, como Mal Secreto e Let’s Play That; solo de Biglione, também ao violão, como As Rosas Não Falam (Cartola); e um blues-rock mais pesado de Biglione na guitarra e com banda (Ed Staudinger, dessa vez com o baixista Jackson Rocha e o baterista Hito Pereira), tocando temas de Jimi Hendrix como Red House e Voodoo Chile, este com bateria dupla, mais uma vez como Guto Goffi, que disputou cerradamente com Mark Rapp o título de mais instigado da noite. E foi apenas a estreia do Gravatá Jazz Festival. Deste domingo até a próxima terça-feira tem muito mais.

 

Texto: Marcos Toledo

Fotos: Marcelo Guimarães

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