Catamaran Tours estreia passeio assombrado

Catamaran Assombrado. Crédito: Gustavo Aureliano

Catamaran Assombrado. Crédito: Gustavo Aureliano

Um passeio noturno pelas águas do Rio Capibaribe regado a histórias assustadoras sobre lugares históricos da capital pernambucana, Recife, famosos por manifestações sobrenaturais, fantasiosas ou não, o que passa por lendas como o mistério do Encanta-moça, os espectros nas águas escuras do Capibaribe, as sombras e sons do Teatro Santa Isabel, o fantasma da emparedada, entre vários outros. É isso o que propõe o Catamaran Assombrado, que entra nas opções de passeios do Catamaran Tour, localizado no Cais de Santa Rita, no Recife, durante todos os sábados do mês de julho, sempre às 18h, com estreia marcada para o dia 2.

A iniciativa marca também a parceria entre a empresa e os idealizadores do “Recife Assombrado”, projeto dedicado a promover as tradicionais e também novas histórias de assombração e fantasia de Pernambuco. Os ingressos custam R$ 50,00.

O roteiro, que tem como base a programação feita pela Prefeitura do Recife para o passeio assombrado do projeto Olha Recife por catamaran, foi adaptado por Roberto Beltrão, André Balaio – criadores do Recife Assombrado –, Cláudia Heráclio, do Catamaran Tours, Niil Martins e Fabiano Barbosa. Como resultado, o público pode esperar muitas informações envolventes sobre os segredos sobrenaturais que pairam nos recantos históricos da capital pernambucana.

“Sabe-se que o imaginário da cidade é habitado por fantasmas e assombrações de todos os tipos, e também por criaturas estranhas como almas-penadas sedutoras, lobisomens, caveiras falantes, estátuas que andam e até a famigerada ‘Perna Cabeluda’. Há muita riqueza cultural por trás dessas lendas”, explica Roberto. A ideia, segundo ele, é oferecer ao público, local e de turistas, informações que vão além do simples causo e tudo isso de forma divertida. “As lendas não são histórias soltas, elas possuem fundamentação dentro da cultura e são importantes para entender melhor a história de Pernambuco. É informação e entretenimento, faz parte da nossa identidade cultural”, explica Beltrão, ressaltando que o site Recife Assombrado também fomenta a ficção de horror com base nessas referências.

No passeio, para dar vida aos personagens, o Catamaran Assombrado contará com a atuação da Cia Pernambucana de Arteatro, presidida por Niil Martins. Assim, ao todo, seis atores se revezam para personificar os protagonistas da noite, como, por exemplo, o Boca-de-Ouro, a Emparedada e a Galega de Santo Amaro.

Catamaran Assombrado. Foto: Cia. Pernambucana de Arteatro

Catamaran Assombrado. Foto: Cia. Pernambucana de Arteatro

E tem mais novidades para os apaixonados pelas histórias de horror: antes do embarque e após o desembarque, os passageiros ainda poderão conferir alguns títulos literários do gênero fantasia e horror assinados por autores locais. Entre os títulos, ‘Histórias Medonhas d’O Recife Assombrado’, ‘Estranhos Mistérios d’O Recife Assombrado’, ‘Malassombramentos’, ‘Na Escuridão das Brenhas’ – todos esses organizados por Roberto Beltrão – e a ‘Rasteira da Perna Cabeluda’, de André Balaio. Os preços das publicações, com o selo da Bagaço, vão até R$ 30,00.

Os ingressos podem ser adquiridos na bilheteria do Catamaran Tours e também com antecedência através do site www.catamarantours.com.br/. Para mais informações: (81) 3424-2845.

Serviço – Catamaran Assombrado

Onde: Cais Santa Rita, S/N, Recife/PE

Estreia: 2 de julho, sábado

Saídas: Todos os sábados de julho, às 18h (02, 09, 16, 23 e 30)

Preço: R$ 50,00 – R$ 30,00 crianças de 10 a 12 anos

Censura: 10 anos

Duração: 1h30min

Vendas:www.catamarantours.com.br/.

Informações: 81. 3424.2845

Facebook: www.facebook.com/catamarantiourspe

Estacionamento gratuito

 

O Recife Assombrado – O projeto, que completa no próximo mês 16 anos, começou a trajetória com um site que tinha o objetivo de resgatar as várias histórias de assombração que dominam a cultura pernambucana. De acordo com Roberto Beltrão, um dos fundadores, a ideia surgiu após ele e André Balaio observarem que o último registro das histórias sobrenaturais do Recife tinha sido feito por Gilberto Freyre, ainda na década de 50, com o livro ‘Assombrações do Recife Velho’, que reúne 27 histórias de outro mundo e um inventário sobre prédios e casarões assombrados.

“Notamos que de lá para cá novas histórias apareceram e, além disso, muitas dessas lendas antigas estavam sendo esquecidas. A ideia era justamente fazer um resgate dessas histórias. Depois sentimos também a necessidade de apresentar ao público as novas”. Dessa forma, em 2012 o projeto enveredou pela criação de conteúdos relacionados à ficção de horror, nem sempre sobre assombrações, mas totalmente dentro da literatura fantástica. Assim surgiram novos livros, parcerias e projetos.

Saiba mais: www.orecifeassombrado.com/

 

Conheça cinco lendas famosas na capital recifense

O mistério do Encanta-moça – A mais romântica lenda do Recife fala sobre uma moça bonita e rica do tempo dos grandes engenhos que foi perseguida pelo marido ciumento durante um passeio noturno na localidade que hoje compreende o bairro do Pina.

Ele, que suspeitava de uma traição da esposa, possivelmente com um escravo, estava cego de ódio e disposto a assassiná-la para vingar a humilhação. Desesperada, a moça correu para evitar o pior e na fuga, algo inexplicável aconteceu: a jovem teria desaparecido como que por mágica, se “encantando” na farta vegetação dos mangues e passando a habitar o “mundo do além”. Há quem diga que a moça não se encantou, e sim foi morta pelo marido.

O fato é que a moça encantada – uma versão das sereias e outras entidades femininas ligadas às águas que usam a beleza para levar homens à perdição –, até hoje habita o imaginário dos moradores do Recife.

Espectros nas águas escuras – Por ser cercada por águas, Recife é constantemente chamado de “Veneza brasileira”, numa comparação à cidade italiana. O fato é que à noite, o Capibaribe se torna misterioso quando reproduz o brilho das luzes artificiais ou da lua cheia e reflete a arquitetura dos prédios antigos… É como se mostrasse um outro Recife de cabeça para baixo, provocando medo nos moradores.

De acordo com a tradição, o rio é habitado por fantasmas, almas penadas de afogados. Os espectros esbranquiçados dessas vítimas ainda aparecem para pedir socorro aos viventes. Casos de aparições eram frequentes na Rua da Aurora ou perto da Ponte Princesa Isabel.

Sombras e sons no antigo Teatro – O imponente prédio do Teatro de Santa Isabel, com arquitetura neoclássica do século XIX, é um das edificações que podem ser vistas por quem passeia pelo Cabibaribe. Construído entre os anos de 1841 e 1850 pelo engenheiro francês Louis Lérger Vauthier, o teatro tem espaço para quase 900 espectadores, tendo sido palco de espetáculos grandiosos, mas também de debates cívicos, como as da campanha abolicionista.

Por trás da fachada impressionante, o teatro esconde mistérios insondáveis. Nos camarins, na plateia, nos corredores e camarotes, desfilam visagens e são ouvidos sons arrepiantes que se confundem com as muitas lembranças guardadas pelas paredes grossas. Em noites silenciosas se ouvem ruídos, palmas, gritos de entusiasmo de uma multidão fantasmagórica – pois não se vê ninguém sentado nas cadeiras em frente ao palco.

 

O Fantasma da Emparedada – A história, contada pelo escritor Joaquim Carneiro Vilela, fala sobre a família de um rico comerciante português, grosseiro e vingativo, que descobre que sua única filha havia engravidado de um malandro sedutor, que, para completar a confusão, também era amante de sua esposa.

Assim, o português manda matar o rapaz, sua esposa enlouquece e a filha, após recusar um casamento arranjado com o primo, é castigada de forma cruel: ela é emparedada num banheiro do sobrado onde viviam.

Ao que tudo indica, isso seria apenas uma macabra história ficcional. Mas há quem garanta que o fantasma da Emparedada assombra mesmo um velho prédio da Rua Nova, via de intenso comércio, bem próxima ao Capibaribe.

Assombrações por cima das pontes – A tradição assombrada do Recife confirma que na capital pernambucana os fantasmas não estão confinados a velhos casarões como na Europa. Na cidade as aparições estão soltas nas ruas, aterrorizando as pessoas calçadas escuras, nas avenidas vazias. E também nas antigas pontes como a Maurício de Nassau, a Ponte da Boa Vista ou a Ponte Velha.

Um dessas assombrações é o Boca-de-Ouro: um ser misterioso que, sob as vestes de boêmio, esconde um misto de zumbi e demônio. Ele aborda caminhantes solitários que vagam pelas ruas desertas. Com um cigarro entre os dedos, sempre pede fogo a quem encontra. O interlocutor muitas vezes nem chega a responder, logo se assusta com o rosto carcomido e apodrecido do sujeito. A face de um defunto! A assombração solta então uma terrível gargalhada e mostra sua boca cheia de dentes de ouro. A vítima pode fugir desesperada, mas logo depois descobre que o Boca-de-Ouro a espera na próxima esquina, onde emite mais uma risada sinistra. E isso volta a se repetir na esquina seguinte, e na seguinte, e na seguinte… Enquanto a pessoa estiver consciente, o fantasma não para de persegui-la! Não adianta correr, não adianta fugir.  A assombração sempre reaparece à frente do coitado até que o pânico e a exaustão o façam desmaiar.

O Boca-de-Ouro talvez seja alma penada de um malandro que cometeu todos os pecados da boemia; namorou muitas mulheres, apostou todo dinheiro em jogos de azar e bebeu além da conta. Ou talvez seja a encarnação de um espírito maligno, que tanto fascina com seu figurino impecável e seus dentes dourados, quanto provoca repulsa com sua face carcomida de cadáver.