A rotina de trabalho e histórias de vida das parteiras serão mostradas em exposição fotográfica montada na Praça Comendador José Didier, no centro de Pesqueira, a partir deste sábado (21). São 30 fotos impressas em tecido que estarão penduradas em um grande varal e permanecerão em exibição gratuita por sete dias.
“Parteiras – Um Mundo pelas Mãos” é o nome da exposição e projeto do Instituto Nômades com fotos de Eduardo Queiroga. A mostra é itinerante e este ano já passou por Trindade, no Sertão, e ainda visitará o município de Goiana no início do ano que vem. O projeto tem incentivo do Governo do Estado, através do Funcultura, e conta com apoio da Prefeitura de Pesqueira e da Cáritas Diocesana de Pesqueira.
A ideia de fotografar e reunir material sobre as parteiras surgiu em 2008, quando o fotógrafo e jornalista Eduardo Queiroga acompanhou os projetos do Instituto Nômades – o “Saberes e Práticas das Parteiras Tradicionais de Pernambuco” e o “Saberes e Práticas das Parteiras Indígenas de Pernambuco” – para complementar os registros orais e textuais dos inventários. Assim, captou milhares de imagens de lá para cá.
A exposição é composta por fotografias impressas em tecido no formato 100 x 150 cm exibidas em um grande varal sempre montado em local público, de preferência um que sirva de referência para as parteiras. “O conceito da exposição passa por algo muito presente no cotidiano das parteiras: o pano. Ele, que costuma estar nos varais, nos quartos, faz, muitas vezes, papel de porta ou de divisórias nas casas, também acolhe o recém-nascido e abriga as mães”, explica Eduardo Queiroga. Ainda segundo ele, as fotografias foram estimuladas pela vontade de aprender sobre quem são as parteiras tradicionais. A ideia era buscar respostas sobre quem são essas mulheres, como e onde elas vivem.
Além de promover a exposição, o projeto também pretende incentivar a multiplicação e a continuidade do trabalho por meio de um acervo de imagens que será doado para cada município visitado. “A ideia é que, com essas fotos que ficam em cada cidade, o projeto possa seguir uma itinerância própria, multiplicando o alcance e a disseminação da documentação, circulando por escolas, bibliotecas e outros espaços culturais”, afirma Júlia Morim, coordenadora do Instituto Nômades. Assim, logo após finalização da exposição de tecido, a mostra em papel fotográfico ficará em exibição na escola pública Monsenhor Olímpio Torres, localizada no território indígena Xucuru.
Dan Gayoso, também coordenadora do Instituto Nômades, explica que, além da exposição e doação de fotos, o projeto prevê ainda uma oficina de troca de saberes com a participação de parteiras tradicionais, estudantes e profissionais das áreas de saúde, educação e cultura, proporcionando o diálogo entre os saberes tradicionais e os técnico-científicos. “Muitas pessoas acreditam que o ofício das parteiras está em extinção. O que não corresponde à realidade. Os inventários mostram que ainda existem muitas parteiras em atividade, inclusive em grandes metrópoles… Em muitos lugares está havendo o retorno do parto domiciliar”, explica Dan.
Na primeira temporada, a exposição passou pelo território indígena Pankararu e pelas cidades de Palmares, Caruaru e Garanhuns (FIG).
Serviço
Exposição – “Parteiras – Um Mundo pelas Mãos” – (Varal em tecido)
Abertura: 21 de novembro de 2015, sábado
Horário: 17h
Onde: Praça Comendador José Didier, Centro, Pesqueira
Visitação: De 21 a 27 de novembro, das 9h às 17h
Exposição – “Parteiras – Um Mundo pelas Mãos” (Acervo Papel Fotográfico)
Local: Escola Monsenhor Olímpio Torres, Aldeia de Cimbres (Território Indígena Xucuru)
Visitação: De 25 de novembro a 11 de dezembro, das 9h às 17h
Contato para entrevistas:
(81) 98863.1239 ( Júlia Morim)
(81) 99973.8035 (Dan Gayoso)
Mais informações
O projeto - A exposição “Parteiras – Um Mundo pelas Mãos” foi concebida como um desdobramento de um projeto maior, que inclui os inventários “Saberes e Práticas das Parteiras Tradicionais de Pernambuco” e “Saberes e Práticas das Parteiras Indígenas de Pernambuco”. Os projetos, desenvolvidos entre os anos de 2008 e 2011, utilizaram a metodologia do Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC), criada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), para identificar e registrar os saberes e as práticas de 225 parteiras de seis municípios e três etnias indígenas de Pernambuco como parte integrante do patrimônio cultural do Brasil. Esta e outras ações integram o Museu da Parteira, uma série de iniciativas de registro e promoção do ofício e de suas detentoras – um museu em processo.
Além de “devolver” os resultados às parteiras e aos municípios que participaram da pesquisa, a equipe do Instituto Nômades pretende que a ação contribua com a valorização e o reconhecimento dos saberes e práticas das parteiras tradicionais, bem como para a promoção da diversidade cultural brasileira. “Muitas pessoas acreditam que o ofício das parteiras está em extinção. O que não corresponde à realidade. Os inventários mostram que ainda existem muitas parteiras em atividade, inclusive em grandes metrópoles… Em muitos lugares está havendo o retorno do parto domiciliar”, explica Dan.
De acordo com Paula Viana, enfermeira obstétrica e parteira, a assistência ao parto e ao nascimento no Brasil não é homogênea. “Embora a maioria ocorra em ambiente hospitalar, partos domiciliares assistidos por parteiras tradicionais ocorrem no país, principalmente nas regiões Norte e Nordeste”, diz.
Mas engana-se quem pensa que apenas dificuldades financeiras ou de locomoção fazem com que parteiras sejam solicitadas. Mulheres em busca de uma vivência de parto mais respeitosa também têm buscado o serviço das parteiras tradicionais.