Gravatá Jazz Festival tem início no Agreste de PE

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Chegou a hora de subir a serra. Este Sábado de Zé Pereira (6 de fevereiro) começa o Gravatá Jazz Festival, no município localizado a 84 km de distância do Recife. O evento, que segue até a Terça-Feira Gorda (dia 9) e reúne a experiência do Garanhuns Jazz Festival (2008-2015) e do JazzPorto (Porto de Galinhas, 2008-2013), já se configura como a melhor opção fora da folia tradicional para o público pernambucano e turístico que estão no Estado neste período de Momo. Além de uma grande estrutura que inclui um inédito Mardi Gras (manifestação inspirada na tradição do ritmo de Nova Orleans), concertos em igrejas, jam sessions, exibições de filmes, recreação infantil, circuito gastonômico, workshops e feiras, as atrações este ano estão de arrasar e incluem projetos desenvolvidos especialmente para o evento. O Gravatá Jazz Festival tem patrocínio da Brasil Kirin-Devassa, apoio da Secretaria de Turismo do Estado e da Prefeitura de Gravatá, curadoria de Giovanni Papaléo e produção da Mono Produções Artísticas e da Editora Fliporto.

Grandes nomes, revelações e promessas

Logo em sua primeira noite, a partir das 20h, no Pátio de Eventos, o Gravatá Jazz Festival oferece ao público uma série de shows que promete fazer história. A começar pela apresentação especial do músico Rodrigo Santos, contrabaixista da icônica banda Barão Vermelho, que traz para o evento um show especial de blues e rock com base no repertório do Barão. Para completar, sobe ao palco acompanhado de outros dois integrantes do Barão: Fernando Magalhães (seu guitarrista na carreira solo) e o baterista Guto Goffi, em uma participação especialíssima. Completa o trio, Kadu Menezes, ex-baterista do Kid Abelha.

Ainda na primeira noite, a grande diva e voz feminina da segunda turma da bossa nova, Wanda Sá, celebra seus 50 anos de carreira no palco do GJF como o repertório do CD/DVD recém-lançado em que revive esse meio século de trajetória artística aclamada internacionalmente.

Guitarrista, violonista, professor, arranjador e compositor, o recifense Wallace Seixas apresenta o reperório de seus três discos autorais. Ele divide o palco com o trompetista mineiro Buiu, um dos sidemen mais requisitados do País, que em seu trabalho mais recente, Miles à Brasileira, faz uma releitura da obra do lendário trompetista americano Miles Davis (1926-1991) com um toque abrasileirado.

Para encerrar a impactante noite de estreia do GJF, apresenta-se a estrela de Jards Macalé, uma das lendas vivas da música de vanguarda brasileira e que no ano passado lançou o CD/DVD Jards Macalé: Ao Vivo. No festival, Jards divide com o Victor Biglione, um argentino de nascimento que se tornou um dos principais nomes da guitarra brasileira. Neste encontro surpreendente e inusitado, Jards Macalé e Victor Biglione mostram o quanto têm em comum: o ecletismo nas composições, as incursões pelo cinema, a trajetória como arranjadores e a participação em centenas de trabalhos de grandes nomes da MPB e da música internacional. Nesse superaguardado encontro, eles mostram grandes clássicos de Jards, como Vapor Barato, Hotel das Estrelas, Mal Secreto, Gotham City, Tigre de Papel, Movimento dos Barcos; e de Biglione, como San Telmo Tango y Bolero, Outras Praias, Chuva em Ipanema. O repertório da dupla ainda é recheado de interpretações de ambos para grandes standards da MPB, do jazz, do blues, do rock e do cinema internacional, como Blue Sued Shoes (Carl Perkins), The Shadow of Your Smile (Johnny Mandell), Consolação (Baden Powell), There Will Never Be Another You (Warren- Gordon) e Fotografia (Tom Jobim), além de suas próprias trilhas para o cinema brasileiro, a exemplo de O Amuleto de Ogum e Tenda dos Milagres (Jards) e Como Nascem os Anjos e Condor (Biglione).

Crossover de gerações, de ritmos e da música brasileira e internacional

A partir do segundo dia do Gravatá Jazz Festival, a programação começa logo cedo, às 15h, no Parque da Cidade. Lá se apresentam o recifense Guitarsan Duo, cujo repertório eclético contempla de peças de Joseph Cosma, Herbie Hancock a Dominguinhos, Sivuca e Hermeto Pascoal, além de composições próprias; e a piuiense Caro Watson Band, formada pelos irmãos recifenses Robson (contrabaixo) e Romero Soriano (bateria), ex-integrantes da lendária banda Cães Mortos, do fim dos anos 1970, e que tem como foco o blues e o rock’n’roll. Para o GJF, o grupo conta com a participação do guitarrista Rodrigo Morcego e do vocalista Victor Serak, e preparou um repertório em que presta tributo à banda inglesa The Rolling Stones.

Ainda no domingo, a partir das 20h, no Pátio de Eventos, Tico Santa Cruz, vocalista da banda Detonautas Roque Clube, abre os trabalhos apresentando temas de rock’n’roll em versões acústicas mais puxadas para o blues. Tico divide o palco com seu companheiro de banda, o guitarrista Renato Rocha, e com Jefferson Gonçalves, uma das principais referências dentro do cenário da gaita no Brasil. Jefferson ainda dá uma amostra de seu trabalho mais recente, Jefferson Gonçalves: 25 anos de Carreira (2016), caixa comemorativa com CD/LP que ele lança este ano.

A segunda atração da noite é uma das grandes sensações da soul music atual, a cantora moçambicana Koko Jean Davis, da banda europeia The Excitements. Com um trabalho inspirado nas divas da soul music dos anos 1960, muito popular em Memphis e Deitroit e baseado na sonoridade do selo Stax, Koko é comparada constantemente à estrela Tina Turner. No GJF, Koko se apresenta acompanhada da Igor Prado Band, grupo brasileiro de blues mais bem-sucedida no exterior e terceira atração da noite ao lado do organista austríaco Raphael Wressnig, considerado um jovem mestre no imponente Hammond B3, fluente em blues, jazz, soul e funk, e que juntou todos elementos e criou um estilo único.

Wressnig é um dos poucos instrumentistas que ainda utilizam atualmente a técnica bass pedal, ou seja, toca a parte dois baixos (graves) na pedaleira do Hammond tornando três vezes mais complexo e não utilizando contrabaixista. O austríaco vem de um trabalho em que gravou com as principais estrelas da velha guarda americana do gênero. Já o guitarrista Igor Prado, expert na linguagem do blues tradicional e West Coast swing, estilo que mistura o blues com elementos do swing, famoso movimento de jazz dançante dos anos 1940, mostra seu trabalho autoral lançado simultaneamente no Brasil e também no exterior, pelo selo Pacific Blues.

Para fechar a segunda noite, a soul music volta a predominar, dessa vez com sotaque bem brasileiro, na voz do mito Toni Tornado, que canta seus maiores sucesso acompanhado da LAB75, banda pernambucana LAB75, que em seu repertório vai da soul music passando pelo funk americano e o gospel e agregando ritmos e sons da música brasileira.

A prata da casa comanda a festa

A segunda-feira tem início com duas atrações que mostram que Gravatá também tem representantes significativos no gênero. Sobem ao palco o veterano cantor, guitarrista, compositor e produtor cultural Maurício Meneses e a banda Trimúrti, artistas em seu repertório exploram a diversidade da musicalidade brasileira, especialmente a pernambucana, tendo como influência a música internacional.

A noite tem início com a apresentação da banda Allycats, revelação da cena musical recifense que investe no estilo de rock’n’roll característico da década de 1950, conceito old school com influência rockabilly, psychobilly, hillbilly, country e blues influenciado por ícones como Elvis Presley, Buddy Holly, Gene Vincent, Bill Halley and His Comets, Johnny Cash e Chuck Berry. Depois é a vez da veterana Contrabanda, principal nome do gênero no Recife e que em seu repertório mistura de clássicos de jazz, bossa nova, MPB e temas originais.

Nascido em Paulo Afonso (BA) e radicado em Pernambuco, o guitarrista, compositor, cantor, arranjador e produtor musical Luciano Magno sobe ao palco como cicerone de outro momento especial do GJF. Virtuose da guitarra e um dos expoentes da música instrumental brasileira, Luciano traz em seu repertório autoral uma representatividade marcante para a guitarra brasileira transitando com muita fluência no universo do frevo, do samba, da bossa nova, do choro e do baião. Como se não bastasse, ele recebe no palco ninguém menos do que Roberto Menescal, um dos criadores da bossa nova e que há praticamente seis décadas se dedica a divulgar o gênero ao redor do mundo, e Sabrina Parlatore, conhecida modelo e apresentadora de televisão que atualmente investe na carreira de cantora tendo feito aproximadamente 40 shows da turnê De Gershwin a Tom Jobim, em que canta standards de jazz, bossa nova e MPB.

A terceira noite do festival termina com a apresenta do Mr. Trio, grupo pernambucano formado pelos virtuosos instrumentistas Marcos Diniz (teclados), Hito Pereira (bateria e percussão) e Liudinho Souza (saxofone) e que tem como principal marca a improvisação.

Como o jazz e o blues se dão bem com a música brasileira

A Terça-Feira Gorda começa, à tarde, com a apresentação do grupo Valvulados, de Garanhuns (PE), faz uma releitura de grandes sucessos da música popular brasileira, em especial de samba-funk e black music dos anos 1970, com releituras de sucessos de Tim Maia, Roberto Carlos, Jorge Ben Jor, Sandra de Sá e Mutantes. Depois é a vez do “Mano Blues”, o multi-instrumentista e showman Vasco Faé, pioneiro no Brasil a se arriscar na arte da coordenação motora ao tocar a gaita no suporte com outros instrumentos. Além de repertório próprio, Vasco faz mais antológicas versões bluesy de músicas brasileiras, como Trem das 11 e Medo da Chuva. E, para encerrar o palco do Parque da Cidade, a cantora, compositora e instrumentista pernambucana Carol Ribeiro, nome atuante no cenário musical recifense, mostra com sua banda uma mistura de MPB, blues, funk e pop.

No Pátio de Eventos, a partir das 20h, vários combos se formam para apresentar espetáculos únicos para o público do GJF. A tertúlia começa com a presença do multi-instrumentista Derico Sciotti. Conhecido nacionalmente como um dos integrantes da banda do Programa do Jô (Rede Globo), talk-show do apresentador Jô Soares, Derico já dividiu o palco com inúmeros nomes da música nacional e internacional e possui uma carreira solo com 12 álbuns gravados.

No Gravatá Jazz Festival, Derico se apresenta com a Uptown Band, comandada pelo baterista e produtor Giovanni Papaléo, grupo pioneiro da cena do blues em Pernambuco, com 18 anos de estrada, o único do Nordeste a haver tocado com praticamente todos os grandes nomes do blues nacional e vários do exterior, além de ser a banda cicerone do GJF. Mas não para por aí.

Derico tem ainda como convidado o gaitista Flávio Guimarães, integrante da banda Blues Etílicos e autor da maior discografia de um artista de blues no Brasil (com dez álbuns lançados pelo Blues Etílicos e oito discos solo). Em seu mais recente álbum, Flávio Guimarães and Friends, o gaitista conta com alguns dos principais ícones do blues americano, como Steve Guyger, Charlie Musselwhite, Rick Estrin, Joe Filisko, Peter Madcat e Gary Smith.

A noite segue com a apresentação do guitarrista e compositor cearense Artur Menezes. Radicado em São Paulo, Artur já morou em Chicago, onde participou tocou com Buddy Guy (também abriu shows da lenda do blues no Brasil) e de jam sessions com John Primer, Linsey Alexander e Phil Guy. Atualmente ele se dedica ao lançamento de seu novo disco, Drive Me. No palco, Artur recebe ainda o supracitado homem-show Vasco Faé.

A multi-instrumentista e cantora inglesa radicada nos Estados Unidos (além de Memphis, ela ainda divide seu tempo entre Chipre e Londres) apresenta-se pela segunda vez em Pernambuco (ela já foi uma atrações do RioMar Jazz Fest). Dona de uma potente e grave voz, Bex apresenta um repertório que mescla faixas de seu disco mais recente, The House of Mercy (que deu à cantora o prêmio de Melhor Artista Feminina no UK British Blues Awards), com outras do anterior, Kitchen Table, além de standards de artistas que a influenciaram, como Muddy Waters, Janis Joplin, Aretha Franklin e John Lee Hooker. Seu som mescla blues tradicional com ritmos de raiz e ragtime e seu estilo de guitarra combina uma técnica de slide blues, ragtime e funk. Já participou dos maiores festivais de blues ao redor do mundo.

O encerramento da primeira edição do Gravatá Jazz Festival tem como mestre de cerimônias Dom Angelo Jazz Combo, banda comandada pelo guitarrista pernambucano Dom Angelo Mongiovi e formada por músicos internacionais que apostam numa fusão de estilos que tem o jazz como mote principal. O trio apresenta peças originais, dos álbuns Dom Angelo Jazz Combo (2010) e Porto (2015, gravado em Portugal), e interpreta, entre outros, temas como Garota de Ipanema, Wave, Insensatez, Autumn Leaves e In a Sentimental Mood.

No GJF, Dom Angelo Jazz Combo divide o palco com o trompetista Mark Rapp, uma das principais sensações mundiais em seu instrumento. Rapp possui quatro álbuns como líder: seu disco de estreia, Token Tales (2009); Braden–Rapp: Strayhorn Project (2010), com o saxofonista Don Braden e o pianista indicado ao Grammy Gerald Clayton; Art of the Song: Vol.1 (2010); e seu tributo multidimensional para Lou Donaldson, Good Eats (2011), novamente com Don Braden e alguns colegas europeus no órgão Hammond B3, na bateria e na guitarra. O disco dos estúdios Disney Everybody Wants to Be a Cat apresenta Rapp em sua faixa de encerramento.

Serviço

Gravatá Jazz Festival

De 6 a 9 de fevereiro, em Gravatá (PE)

Acesso gratuito

Assessoria de imprensa

Lula Portela

VERBO Assessoria de Comunicação

Telefones: (81) 3031.3351 / (81) 9976.6847