Dan Gayoso, Eduardo Queiroga e Júlia Morim. Foto: Eduardo Queiroga
A versão em papel fotográfico da exposição itinerante “Parteiras – Um Mundo Pelas Mãos”, com fotos realizadas por Eduardo Queiroga e promovida pelo Instituto Nômades, chega nesta quinta-feira (12) ao município de Igarassu, a 28 km de distância da capital pernambucana, onde ficará em exibição por sete dias no Salão Nobre da Prefeitura. A abertura acontece às 10h e contará com a projeção de mais de 200 imagens que retratam o dia a dia, a tradição e os saberes das parteiras tradicionais de Pernambuco. Também estarão presentes representantes das parteiras, do poder público e a equipe coordenadora do projeto. A visitação, que é gratuita, acontece sempre das 7h às 13h até a próxima quarta-feira (18).
Realizada com o apoio das Secretariais de Políticas Sociais, Executiva da Mulher, Cultura e Turismo, Educação, Saúde e Comunicação da Prefeitura de Igarassu, além de incentivo do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura/Funcultura, a exposição com fotos impressas em papel fotográfico com suportes de PVC é uma forma encontrada pelo Instituto Nômades de potencializar a itinerância e, consequentemente, o alcance do projeto. A mostra é um desdobramento da versão original da exposição “Parteiras – Um Mundo Pelas Mãos”, que apresenta imagens impressas em tecido e exibidas em um longo varal.
Parteiras – Um Mundo Pelas Mãos. Foto: Eduardo Queiroga
As fotos que compõem a exposição foram feitas pelo fotógrafo Eduardo Queiroga durante a realização dos inventários “Saberes e Práticas das Parteiras Tradicionais e Indígenas de Pernambuco”, projeto executado pelo Instituto Nômades e iniciado ainda em 2008. Durante os anos de pesquisas, milhares de imagens – belíssimas – foram capturadas por Queiroga. “A ideia era buscar respostas sobre quem são essas mulheres, como e onde elas vivem… As fotografias foram estimuladas pela vontade de aprender sobre quem são as parteiras tradicionais”, explica o fotógrafo. Assim surgiu a necessidade de montar uma exposição que pudesse passar pelas localidades onde o inventário aconteceu como uma tentativa de “devolver” os registros aos seus portadores e ao público em geral.
Além de contribuir com o processo de documentação, promoção e valorização do trabalho dessas mulheres, também conhecidas popularmente como mães de umbigo, comadres, madrinhas e cachimbeiras, a exposição celebra o Dia Mundial da Parteira, comemorado no dia 5 de maio, e uma grande conquista: o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) aprovou no dia 13 deste mês a abertura do Processo de Registro dos Saberes e Práticas das Parteiras Tradicionais como Patrimônio Cultural do Brasil. A solicitação foi iniciada ainda em 2011 pelo Instituto Nômades, juntamente com o Grupo Curumim, Associação de Parteiras Tradicionais de Caruaru e Associação de Parteiras Tradicionais e Hospitalares de Jaboatão dos Guararapes, mas julgada impertinente na época.
Parteiras – Um Mundo Pelas Mãos. Foto: Eduardo Queiroga
“A ideia é fomentar o empoderamento e o reconhecimento das parteiras como representantes de um importante bem do nosso patrimônio imaterial”, explica Júlia Morim, colaboradora do Instituto Nômades .
Atualmente, há outros projetos em andamento com o intuito de salvaguardar o ofício de parteira tradicional. Entre eles, o “Mães de Umbigo”, que publicará a biografia de três parteiras pernambucanas, e o documentário “Simbiose”, assinado por Júlia Morim, que discutirá os saberes do ofício a partir da experiência de Dona Prazeres, parteira de Jaboatão dos Guararapes. Todas essas ações fazem parte do Museu da Parteira (www.facebook.com/MuseudaParteira), um museu em processo.
“Muitas pessoas acreditam que o ofício das parteiras está em extinção. O que não corresponde à realidade. Esses projetos mostram que ainda existem muitas parteiras em atividade, inclusive em grandes metrópoles… Em muitos lugares está havendo o retorno do parto domiciliar”, explica Dan, coordenadora do Instituto Nômades.
Ofício como Patrimônio Cultural do Brasil – Em 2011, quando houve o primeiro pedido do registro do ofício como parte integrante da cultura brasileira, o projeto recebeu parecer favorável da Superintendência do Iphan em Pernambuco, mas a Câmara Setorial do Patrimônio Imaterial entendeu que o pedido não era pertinente.
Após cinco anos, a solicitação voltou à pauta e foi novamente analisada a pedido da Deputada Federal Janete Capiberibe (PSB/AP). Este mês, no dia 13, após reavaliações e debates, o pedido foi aprovado. “Agora será instaurada a instrução técnica para dar seguimento ao reconhecimento dos saberes e fazeres das parteiras, detentoras de conhecimentos, repassados de geração para geração, sobre corpo, gestação, parto, puerpério e outras ciências”, explica Júlia Morim.
Para saber mais sobre o processo, acesse: http://portal.iphan.gov.br/noticias/detalhes/3544/minc-e-iphan-se-reunem-para-debater-o-patrimonio-imaterial-brasileiro
Serviço – Exposição “Parteiras – Um Mundo Pelas Mãos”
Acervo fotográfico
Abertura: 12 de maio, às 10h
Onde: R. Joaquim Nabuco, 120 – Centro, Igarassu – PE
Visitação: Até quarta-feira, 18 de maio, das 7h às 13h
Entrada gratuita
