Comemorando uma década de existência e contribuindo com o fortalecimento da produção audiovisual independente de Pernambuco, o projeto Documentando finaliza sua quinta temporada em grande estilo: quatro filmes produzidos nesta última edição serão exibidos na Mostra Documentando, evento dentro da grade do 21º Festcine, no dia 14 de dezembro, no Cinema São Luiz. Com cerca de 70 oficinas realizadas, 70 filmes produzidos e mais de 1800 estudantes beneficiados nas cinco fases, o projeto já contemplou todas as mesorregiões do Estado. O programa também coleciona participações e prêmios em festivais cinematográficos em Pernambuco, na Paraíba e no Rio Grande do Norte.
Idealizado e ministrado pelo cineasta Marlom Meirelles, o Documentando tem como objetivo oferecer aos participantes a chance de conhecer todo o processo de realização de um documentário. “Nas oficinas, buscamos ampliar o repertório dos participantes no campo do audiovisual. Queremos provocá-los a refletir sobre suas vivências e pensar em narrativas que contemplem questões de gênero, sociais, raça, territorialidade, de identidade, entre outras coisas”, explica Meirelles.
O plano de aula, que pode ser adaptado de acordo com as necessidades de cada local, traz um extenso conteúdo programático dividido em cinco aulas teóricas e práticas. De acordo com Marlom, “as aulas teóricas apresentam aos estudantes um panorama sobre o cinema documental, através da exposição de textos e exibição de filmes, incluindo uma abordagem sobre os elementos cinematográficos”.
Além de encontros presenciais, também acontecem atividades virtuais, como videoaulas e palestras, onde profissionais comentam sobre as experiências, oportunidades de inserção no mercado de trabalho e sobre como elaborar uma estratégia para distribuição de filmes nos festivais de cinema.Já na parte prática, os estudantes realizam um documentário com temática livre. Para isso, os alunos são distribuídos em grupos responsáveis pelas diferentes fases de realização.Após o término das aulas, há uma apresentação do material produzido.
Para saber mais sobre todos os passos do Documentando, os interessados devem ficar atentos à fanpage do projeto (https://www.facebook.com/documentando/), que sempre relata com antecedência as cidades visitadas, como se inscrever, dias, locais, horários, quantidade de vagas, fotos das oficinas, divulgação de curtas produzidos e muito mais. Vale ressaltar que não é preciso ter qualquer experiência prévia com o audiovisual para participar! Ao final do curso, todos os participantes recebem um certificado.
Este ano, o projeto promoveu oficinas em Garanhuns, no Festival de Inverno, e nos Festivais de Cinema de Triunfo e de Caruaru. Para 2020, o projeto deve voltar ao Agreste e ao Sertão pernambucano.O Documentando é uma realização da Eixo Audiovisual, através do incentivo do Funcultura, Secretaria de Cultura e Governo de Pernambuco.
Filmes do projeto que vão ser exibidos no Festcine:
O DIA É TRANSPARENTE
Sinopse: Colocando em pauta a ociosidade de espaços públicos, O DIA É TRANSPARENTE registra a ocupação por moradia do Edifício SulAmérica, situado no bairro de Santo Antônio, área central do Recife. O cotidiano da Ocupação Marielle Franco é revelado, identificando a presença majoritária de mulheres e crianças.
MATA
Sinopse: Em uma região onde a floresta vem sendo devastada ao longo do tempo pela ação do homem, predar a natureza ou protege-la era o dilema central da vida de Seu João da Mata. A MATA que dá nome ao filme, passou a ser o sobrenome de Seu João, nascido na reserva Serra dos Cavalos.
TÃO BONITA QUE TÃO MEDONHA
Sinopse: As velhinhas de Triunfo surgiram como uma manifestação feminista das mulheres da cidade, que reivindicavam por espaço para brincarem o carnaval. Era feminismo puro, embora nem houvesse essa conotação na época. Umas se vestiam de retirantes, com trouxas de roupa e cestos na cabeça. Talvez uma forma de dar um novo significado à seca, a pobreza e as dificuldades do sertão.
SAPACREW
Sinopse: SAPACREW aborda a vida de três mulheres lésbicas no cenário do Hip Hop pernambucano. Na contramão do machismo, elas compartilham seus históricos de resistência.
Depoimentos de quem participou do Documentando:
“Eu participei da oficina na cidade de Triunfo, ano passado, e foi uma experiência incrível. Marlom é um documentarista inspirador! A experiência de produzir um filme como Desyrrê, que até agora está participando de festivais de cinema e sendo premiado, foi enriquecedora. Ainda mais por retratar uma protagonista tão especial. Hoje eu faço cinema, e a oficina contribuiu muito para que eu pudesse entender as formas que o documentário pode assumir… é um entendimento da realidade como um todo. O Documentando contribuiu muito com a minha formação. Que o projeto continue rodando e atinja cada vez mais pessoas. Ele é necessário”.
Gabriel Côelho
“Quando eu participei do Documentando, ainda em 2014, estava cursando licenciatura em Teatro. Desde 2008 eu tinha alguma intimidade com o cinema, porque trabalhava na parte da assistência no Festival de Cinema de Triunfo, o que despertou em mim o desejo de aprender também a fazer filmes. Foi assim que cheguei ao Documentando! Ter contato direto com a produção e entender a teoria foi extremamente importante para que eu pudesse compreender o que já via na prática. Depois da oficina, cursei cadeiras na graduação ligadas ao cinema, como roteiro e direção. O Documentando despertou em mim um olhar crítico para minha cidade. Sou muito grata por isso. Foi a partir dessa experiência, com o curta produzido no projeto, que hoje estou produzindo um documentário em Triunfo sobre mulheres brincantes. Tudo fruto de uma experiência iniciada lá em 2014. Vida longa ao Documentando”.
Bruna Florie
“Fui aluno da primeira turma do Documentando, em Bezerros, ainda em 2009. E só tenho a agradecer pela oportunidade e pela experiência. E por ter Marlom como representante da ampliação do cinema no interior. Para mim, como pessoa, a oficina foi de extrema importância, um período de total crescimento. Na época, eu estava em processo de vestibular, definindo minha graduação. A oficina abriu meus olhos para o que eu queria realmente fazer, me mostrou que eu podia fazer jornalismo, algo que eu sempre quis, mesclando isso ao trabalho com o cinema. Deu certo! Sigo por esse caminho até hoje! A essência do Documentando é mostrar que algo que parecia impossível é mais possível do que podemos imaginar, abre a mente, os olhos, o coração… Marlom é a representação do que muitos jovens do interior queriam ou querem, representa a força, a coragem, a dedicação e o profissionalismo. Um exemplo para seguir”.
Uhélio Gonçalves
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