O fotógrafo pernambucano Fred Jordão abre, no próximo dia 4 de novembro, às 19h, no Centro Cultural Mercado Eufrásio Barbosa, em Olinda-PE, a sua mais nova exposição. “SERTÃO” apresenta uma visão diferente do estereótipo de terra seca e rachada com carcaças de bichos mortos e pobreza gritante. Imagens de uma região verdejante, ancorada nas chuvas, e apontando para as transformações por que passa este território tão presente no imaginário coletivo.
Para o artista, o Sertão do século XXI reúne não só a idealização de um espaço consagrado pela literatura regionalista como o território das ausências e reconhecido repositório de tradições e guardião de saberes, mas também um Sertão Contemporâneo e conectado com o mundo globalizado. “Vejo o Sertão como um território repleto de inquietações e ebulições. As transformações que vêm acontecendo nas últimas décadas criaram camadas distintas – o velho e o novo, o moderno e o arcaico convivem numa simbiose original. O Sertão permanece tradicional e ao mesmo tempo desperta moderno”, resume Jordão.
Fruto de um trabalho que vem sendo construído desde a década de 90, a exposição inclui fotografias do livro Sertão Verde – Paisagens (publicado em 2012), do documentário Sertão Século 21 (em produção), além de sucessivas viagens e pesquisas desenvolvidas pelo autor durante os últimos 25 anos. Sertão é composta por 110 fotografias, em formatos variados e impressas em canvas.
Arqueologia Contemporânea, Cartografia, Sertão Verde e Retratos são os Espaços/Ensaios que fazem parte da expografia desta que é a oitava mostra do fotógrafo. Ele publicou vários livros, entre eles, o “RECIFE”, finalista do Prêmio Jabuti 2020.
A exposição no mais novo espaço cultural de Olinda conta com audiodescrição da Com Acessibilidade Comunicacional e respeitará todos os protocolos de segurança sanitária estabelecidos pelas autoridades governamentais para eventos culturais. O design de exposição e peças gráficas são de autoria de Carla Gama e as ampliações fotográficas foram feitas no Atelier de Impressão. A produção executiva do projeto é de Maria Rosa Maia.
“Sertão” segue em cartaz até o dia 4 de fevereiro de 2022 e tem o patrocínio do Governo do Estado de Pernambuco, através do Funcultura e conta com o apoio da Cepe Editora (@cepeeditora) e do Centro Cultural Mercado Eufrásio Barbosa, por meio da Agência de Desenvolvimento de Pernambuco – Adepe (@agenciaadepe), ligada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (@sdecpe). O horário de visitação vai de terça a domingo das 9h às 17h.
O Autor
Com formação em jornalismo, Fred Jordão conheceu o Sertão no final da década de 80 quando atuou em alguns dos principais veículos de comunicação do País. As pautas, via de regra, eram todas relacionadas à seca, à fome, e à miséria. “O interesse da mídia, era sempre pelos estereótipos que representavam a seca no sertão”.
Foi nos anos 1990, durante as filmagens do Longa Metragem Baile Perfumado e em trabalhos de documentação técnica para Codevasf e Articulação do Semi-árido-ASA, que começou a despertar para os ciclos de chuva no Sertão, descobrindo uma região repletas de vida e riquezas.
Por vários anos percorreu a região do Semi-árido nordestino, do Piauí a Bahia, sempre durante os períodos de chuva. Foi também durante estas longas viagens que compreendeu as mudanças que a chegada da eletrificação rural proporcionava nos lugares mais remotos. “Primeiro a geladeira, depois a televisão e por fim a internet. Em menos de 20 anos, o sertão inteiro se conectou com a modernidade, criando um encontro inusitado entre o arcaico e o contemporâneo. O vaqueiro encourado tangendo o gado numa motocicleta sintetiza esse novo sertão. O celular, a camisa do Barcelona, o tênis da Nike, o cabelo descolorido. Não há porteiras que separem estes sertões.”
Durante as viagens, Jordão resolveu reler os clássicos do regionalismo, Graciliano, Raquel de Queiroz, José Lins do Rego, Euclides e Ariano. Repassando a história do Sertão pelas letras, pelo cinema do cangaço, os retirantes de Portinari, e as músicas de Luiz Gonzaga. “Que sertão era aquele de gente saudável e feliz, que não fazia parte daquele enredo consagrado do sertão de pedra, pau e poeira?” questionava-se.
Em 2012, Jordão editou o livro Sertão Verde – Paisagens, com texto de Xico Sá, amigo pessoal de quem recebeu o livro “A Invenção do Nordeste”, do professor Durval Muniz de Albuquerque Jr. “Foi uma grande descoberta. Estava tudo sintetizado ali, de uma forma extraordinária. A cristalização de um estereótipo que já não corresponde à realidade atual. O sertão é outro e poucas pessoas sabem disso”. Sertão Verde mostra, de forma sutil, estas contradições.
A partir de então, continuou a fotografar o sertão com os olhos atentos a este momento de transformações. Atualmente, além da exposição em cartaz, desenvolve mais uma parte deste projeto com o documentário Sertão Século 21, com depoimentos de sertanejos sobre que sertão é este que desabrocha no novo século.
“Sertão”, por Fred Jordão
Abertura: 4 de Novembro de 2021
Hora: 19h
Local: Centro Cultural Mercado Eufrásio Barbosa, Largo do Varadouro, Olinda-PE.
Horário de visitação: Terça a domingo das 9h às 17h.
Instagram do autor: @fredvjordao
Site: http://www.fredjordao.com.br/
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Imagens de Fred Jordão (clique duas vezes para abrir em alta):